Nos últimos anos, venho acompanhando de perto as queixas de muitos pacientes que carregam em seus corpos e emoções os impactos de um ambiente de trabalho adoecedor. Ansiedade, crises de pânico, dificuldade para dormir, sensação de esgotamento e uma culpa silenciosa por não “dar conta de tudo”. Não é exagero dizer que o trabalho, que poderia ser um espaço de realização e sentido, muitas vezes se transforma em fonte de sofrimento.
Por isso, foi com alívio – e também esperança – que recebi a notícia da nova redação da NR-1, que entra em vigor a partir de 26 de maio de 2025. Pela primeira vez, a legislação trabalhista brasileira reconhece oficialmente os riscos psicossociais como algo que deve ser identificado, monitorado e cuidado pelas empresas.
Por que isso é tão importante?
Em primeiro lugar, é necessário entender que riscos psicossociais não são apenas “problemas emocionais” individuais. Pelo contrário: eles dizem respeito a condições de trabalho desumanas, a pressões constantes, à falta de reconhecimento e ao silêncio diante de situações como assédio moral, metas inatingíveis e sobrecarga. Esses elementos são gatilhos potentes para o desenvolvimento de transtornos psíquicos – e agora, oficialmente, eles passam a ser responsabilidade também do empregador.
Além disso, a mudança na NR-1 exige que as empresas incluam a avaliação dos riscos psicossociais em seu Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Ou seja, será necessário implementar medidas preventivas, capacitar lideranças e monitorar de perto como está a saúde mental de seus colaboradores.
Mais do que uma obrigação legal, isso é um chamado para a humanização das relações de trabalho.
O que muda na prática?
A partir de agora, as empresas devem:
- Mapear e registrar os riscos psicossociais
- Criar canais seguros para acolher denúncias
- Promover treinamentos e rodas de conversa sobre saúde mental
- Desenvolver ações reais de prevenção ao adoecimento psicológico
Portanto, não se trata apenas de cumprir uma norma. Trata-se de agir com consciência e empatia, reconhecendo o impacto emocional que o trabalho exerce sobre cada ser humano.
Como psicóloga, o que vejo nisso tudo?
Sinceramente, vejo um avanço necessário, mas ainda inicial. Nenhuma norma por si só transforma uma cultura. Ainda será preciso educar líderes, sensibilizar equipes, escutar com empatia e agir com coerência.
Contudo, é um começo. Um passo firme em direção a ambientes de trabalho mais saudáveis, justos e humanos. E como terapeuta, continuo aqui para acolher, escutar e caminhar junto com quem sente que está no limite, tentando dar conta de um mundo que exige demais e oferece pouco suporte.
E para quem está do outro lado, dentro de uma empresa, o que fazer agora?
Se você ocupa uma posição de liderança, ou faz parte de um time de RH, considere:
- Como está o clima emocional da sua equipe?
- Você já perguntou – de verdade – como seus colegas estão se sentindo?
- Existe espaço seguro para falar sobre sofrimento psíquico aí onde você trabalha?
A saúde mental não é mais opcional, e cuidar dela no trabalho é urgente. É um movimento de responsabilidade, ética e respeito com as pessoas.
🌿 Se você sente que precisa conversar sobre os efeitos do seu trabalho na sua saúde emocional, saiba que você não está só. A escuta acolhedora da psicoterapia pode ser um primeiro passo para resgatar o equilíbrio e a confiança em si mesmo(a).
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